sexta-feira, 26 de setembro de 2014


PROJETO DE TRABALHO

PARA ALÉM DA SALA DE AULA:
Descobrindo o mundo que há em mim e fora de mim.

*Projeto de trabalho da disciplina: Estágio Supervisionado e Docência na Educação Infantil I do curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Goiás, UnU Inhumas orientado pela professora Ms. Valdirene Alves de Oliveira.
Acadêmicas:
Maria do Carmo Souza Vieira Novais
Marinele Lopes do Carmo
Milaine Alves Amaral
Nayara Cristina Oliveira Silva


INTRODUÇÃO
Durante o primeiro semestre do nosso curso em 2014, em nossas aulas de estagio tivemos a oportunidade e o privilégio de conhecer, estudar, debater e refletir sobre a obra de vários teóricos - como Barbosa e Horn, Ostetto, Rosa e Lopes, Pimenta e Lima, Nono, Zanini e Leite, Tristão, Alves, Farias, entre outros, que escreveram suas perspectivas sobre a educação infantil, as práticas de estágio, a formação profissional docente, tipos de planejamento e registro, etc. - em um processo de construção, desconstrução e reconstrução de conhecimentos contínuos acerca das teorias e práticas pedagógicas da educação. Sendo estes momentos de grande aprendizado, muito contribuíram para o enriquecimento de nossos saberes e para a preparação e postura, em prol nossa formação profissional.
Outro momento importante para nossa formação foi a Semana de Integração realizada pela Universidade, pois o tema escolhido para ela - Educação e linguagem: novos olhares, novas possibilidades de ensino - nos ofereceu a oportunidade de participar de GTs, palestras, minicursos e outros, que nos trouxeram novos conhecimentos e informações pertinentes ao momento que estamos vivendo no estágio. O GT em educação infantil, conduzido pelas professoras de estágio Lindalva Pessoni e Valdirene A. Oliveira, foi de relevada importância e muito contribuiu para a nossa formação, pois nos apresentou a oportunidade de conhecer duas realidades diferentes de instituições de educação infantil pública de Goiânia que trabalham com projetos. Sendo assim, nos mostraram como realizam sua prática docente com o envolvimento de todos os segmentos da instituição, usando de criatividade ao aproveitar os espaços e apontando como concebem a situação da direção, coordenação e docência mediante o trabalho com os mesmos, tendo como ponto essencial para a prática docente infantil a observação e atenção para a motivação, a sensibilidade para a reflexão no processo, o reencantamento para a parceria, a participação da produção de conhecimentos para a retomada e cuidado teórico, para assim não perder a intencionalidade pedagógica e oferecer uma educação de qualidade às crianças das instituições.1
Reconhecemos que durante o decorrer desse semestre outros currículos, por nós estudados como: Propostas Curriculares e Metodológicas em Educação Infantil, Processos do Ensino de Língua Portuguesa, Política da Educação Básica, etc., contribuíram, em seus conteúdos e temas abordados, significativamente, de forma articulada, para acrescentar subsídios relevantes em nossa preparação para o estágio, nos proporcionando maior embasamento teórico, novas ideias e o amadurecimento necessário a nossa formação prática.
A proposta apresentada a nossa turma de estagio, foi a de visitar e observar a rotina de três instituições de educação infantil da cidade de Inhumas, onde duas das instituições são CMEIs sendo eles: *CMEI “A”, *CMEI “B” e a *Escola Municipal “C”.
Para iniciar o estágio foi proposta a formação de grupos de quatro acadêmicos por turma para realizar a observação, sem dispensar o apoio sutil às professoras das instituições, a partir de suas necessidades e das próprias crianças, em três encontros presenciais em cada unidade. Ficou estabelecido também que, após cada dia de estágio, nos encontraríamos na Universidade para a socialização das observações realizadas por cada grupo nas instituições e para a aula teórica, orientação e apresentação dos trabalhos realizados.
A primeira instituição observada foi a “A”, que possui um espaço e estrutura física, excelentes. As crianças do berçário nesta instituição nos receberam com alegria e prazer. Elas são receptivas, comunicativas, ativas, curiosas e abertas à interação. Demonstraram necessidades e interesses relacionados à brincadeira e a um maior contato com os adultos e outras crianças e, também, interesse em explorar o espaço externo ao ambiente do berçário. No entanto, percebemos que mesmo com uma estrutura e espaço amplo e propício a diversas e variadas possibilidades de construção do conhecimento, a prática das docentes da instituição segue uma rotina estabelecida centrada no cuidar, em detrimento do educar a partir da percepção das necessidades e interesses demonstrados pelas crianças, limitando o desenvolvimento integral delas.
A segunda instituição na qual estagiamos foi a “C”, que possui estrutura física e espaço limitados. Nossa observação dessa vez foi realizada em uma turma de segundo período com crianças na faixa etária entre cinco e seis anos de idade. As crianças dessa turma nos receberam de forma receptiva e com simplicidade. Elas são espertas, interessadas, participativas, curiosas, comunicativas e apreciam a música e gostam de argumentar com a professora. Nessa turma, destacamos a presença de uma criança com necessidades educativas especiais que nos surpreendeu ao demonstrar sua necessidade e alegria por uma maior interação com a turma. Percebemos em nossas observações que embora a professora incentive a independência, a autonomia e a interação das crianças, existem algumas limitações, como o fato do planejamento ser pautado em datas comemorativas, o fato delas não poderem manusear os livros literários presentes no Cantinho de Leitura da sala, o fato de que em relação ao espaço, elas são impedidas de explorá-los, de forma que alguns nem são utilizados para as brincadeiras e também o despreparo em relação à inclusão de crianças com NEE.
A terceira instituição observada foi a “B”, que também possui estrutura física e espaço limitados. Nossa observação foi realizada no berçário que possui 19 crianças em uma faixa etária que varia entre seis meses e um ano e meio de idade. Ao perceberem nossa presença as crianças reagiram de forma diversa, algumas interagiram bem conosco com sorrisos, gestos, balbucios, outras estranharam nossa presença e começaram a chorar agitadas, apenas em nosso terceiro dia de encontro elas nos receberam mais tranquilas, algumas chegando a manifestar alegria ao nos reconhecer. Elas possuem perfis mais variados, algumas são comunicativas, curiosas, alegres, interativas, outras são mais introvertidas, sérias e discretas. As educadoras nessa instituição são mais focadas em ações voltadas para o cuidar, deixando a desejar o educar. Ao observar a rotina da instituição, percebemos algumas necessidades apresentadas pelas crianças, como: ambiente organizado de forma mais pedagógica para o melhor aproveitamento e a exploração do espaço que é limitado, ludicidade, interação criança-criança, criança-educadora e criança com outras turmas, atenção em relação aos cuidados, podendo estes serem mais individualizados e práticas pedagógicas bem planejadas voltadas para o educar.
Em todas as instituições percebemos a prática docente estagnada num contexto antigo e tradicional, que não percebe o potencial que as crianças possuem para o aprendizado e formação integral como sujeitos ativos, reflexivos e atuantes em seu meio. Observamos a desvinculação do brincar, cuidar e educar. Em cada unidade foram observadas necessidades diferentes, porém também necessidades gritantes parecidas, como a melhor utilização e aproveitamento dos espaços para uma prática pedagógica diferenciada.
Em uma visita campo à Creche UFG em Goiânia, observamos e comprovamos que é possível praticar a educação diferenciada que nos foi apresentada pelos teóricos em suas perspectivas. Nesta instituição, o tripé brincar, cuidar, educar é realizado de fato, lá tudo é pensado e organizado em função da criança e de forma proporcional a ela, respeitando e promovendo o desenvolvimento integral das mesmas, de forma autônoma, considerando a cultura, o contexto e as especificidades da infância.
Diante de toda a cultura que mobiliza a escola, é necessário que o estagiário possa entendê-la como um grupo social interativo, no qual acontece o fenômeno educacional em suas contradições e possibilidades. (FOURQUIN, 1993, p.10, apud LIMA, 2008, p.199)
Partindo da afirmação acima podemos dizer que os campos de estágio se mostraram para nós como um grande desafio, com suas contradições e inúmeras possibilidades, para colocarmos em prática a construção de nossa identidade profissional, através da observação, reflexão, análise partilhada, compreensão e concretização de nosso projeto, de como é e pode ser realizada a prática educativa.
O presente projeto de trabalho intitulado, “Para além da sala de aula: descobrindo o mundo que há em mim e fora de mim”, onde temos por tema a ideia de ir além da sala de aula e através do qual delimitamos para um espaço de educar e cuidar na perspectiva de letramento na Educação Infantil trata-se de um processo que caminha do plano individual interno – relações intrapessoais, para o plano social – relações interpessoais, a fim de possibilitar a troca e a internalização da construção de aprendizagens significativas para as crianças, a partir da interação e inclusão, aproveitando ao máximo os espaços oferecidos pelas instituições.

PROBLEMÁTICA

  • Como colaborar para que as crianças da educação infantil sejam letradas, num espaço e ambiente propicio, respeitando suas individualidades, unindo o cuidar, brincar e educar de forma que elas se desenvolvam de forma lúdica, interativa e prazerosa, sem a perspectiva de alfabetização antes do momento certo?

OBJETIVO GERAL DO PROJETO:

O projeto “Para além da sala de aula: descobrindo o mundo que há em mim e fora de mim,” tem por objetivo geral: ampliar o desenvolvimento integral das crianças, através de um ambiente desafiador, que permita a exploração livre, favoreça a curiosidade e possibilite muitas descobertas, em todas as instituições campo de estágio.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS DO PROJETO:

  • Incentivar o letramento das crianças, a partir de situações simples e cotidianas, como as brincadeiras e o contato com livros de literatura infantil, em um ambiente que propicie a experimentação e a interpretação.
  • Explorar ao máximo os espaços internos e externos da sala de aula para desenvolver as brincadeiras e a interação entre as crianças de diferentes idades incluindo as com necessidades especiais e, entre adulto e criança, valorizando os espaços, a liberdade e conhecimentos prévios para inovar a aprendizagem, estimular a construção da identidade e autonomia, criar vínculos e estabelecer condições para o convívio social.
  • Considerar a criança como sujeito histórico-cultural, capaz de assimilar saberes, agindo e reagindo no meio social em que vive, num processo de construção, desconstrução e reconstrução de si mesma.

JUSTIFICATIVA
Este projeto visa atender ao público da educação infantil a partir da perspectiva de letramento tanto para o berçário, quanto a pré-escola, respeitando a individualidade de cada criança e aproveitando ao máximo os espaços de cada instituição campo de estágio. Segundo Barbosa e Horn, (2008, p.31):
Um projeto é uma abertura para possibilidades amplas de encaminhamento e resolução, envolvendo uma vasta gama de variáveis de percursos imprevisíveis, imaginativos, criativos, ativos e inteligentes, acompanhados de uma grande flexibilidade de organização. Os projetos permitem criar, sob forma de autoria singular ou de grupo, um modo próprio para abordar ou construir uma questão e respondê-la.
Assim, com esse projeto acreditamos na possibilidade de inovarmos e apresentarmos a esse público, uma visão além do que lhes é oferecido, trazendo às crianças momentos nos quais elas possam perceber suas particularidades e ao mesmo tempo a sua relação com o outro através da interação, além de promover a construção da identidade e autonomia, desenvolvendo a flexibilidade, o diálogo, a interpretação, organização, capacidade de negociação e decisão, autoconfiança, criatividade, coordenação, cooperação, etc.
Através dos projetos de trabalho, pretende-se fazer as crianças pensarem em temas importantes do seu ambiente, refletirem sobre a atualidade e considerarem a vida fora da escola. Eles são elaborados e executados para as crianças aprenderem a estudar, a pesquisar, a procurar informações, a exercer a crítica, a duvidar, a argumentar, a opinar, a pensar, a gerir as aprendizagens, a refletir coletivamente e, o mais importante, são elaborados e executados com as crianças e não para as crianças. (BARBOSA E HORN, 2008, p.34)
Durante as observações nas instituições campo de estágio, notamos que o espaço externo não é utilizado e quando utilizado não é para o desenvolvimento de uma atividade planejada que vise o desenvolvimento das crianças através de uma prática pedagógica diferenciada, para além do tradicionalismo muita das vezes arraigado nas instituições de educação infantil.
Desse modo é de extrema relevância apontarmos aqui que não é somente o espaço limitado das salas de aula ou das atividades propriamente ditas que devemos considerar e ou tão somente os modos de organizá-los. Todos os espaços das instituições de educação infantil são “educadores” e promovem aprendizagens (hall de entrada, biblioteca, banheiros, cozinha, corredores, pátios e etc.) na medida em que, devido as suas peculiaridades, promovem o desenvolvimento das múltiplas linguagens infantis. (BARBOSA E HORN, 2008, p.50-51)
Com isso pautamos nossas discussões a partir de um propósito de ir para além dos espaços de sala de aula, utilizando a literatura infantil, a brincadeira e a interação criança-criança e criança-adulto. Observamos no primeiro semestre que as crianças apresentaram necessidades primordiais da Educação Infantil, ou seja, brincar, explorar espaços internos e externos à sala de aula, tendo em vista o seu desenvolvimento.
O espaço tem intenção. Ele orienta a ação. Ao entrarmos em um espaço bagunçado, ele nos convida de determinada maneira. Um lugar cuidado, preparado, nos convida de outro jeito. É preciso que as crianças desfrutem dos espaços da escola sem muitas restrições, de maneira respeitosa, como brincantes que são. (BARBIERE, 2012, p.49).
Partindo dessa afirmação compreendemos que o espaço deve possuir um ambiente adequado para que a realização das atividades com as crianças interferiram positivamente nas ações delas diante das propostas realizadas naquele espaço.
Nos anos iniciais da infância a criança tem a necessidade de pegar o livro, explorar suas imagens, descobrir o universo que aquele livro pode lhe oferecer, sem restrições, pois ela precisa se sentir à vontade com o livro e não oprimida pelo medo de danificá-lo. Neste sentido, Soares (apud MARICATO, 2005, p.18) afirma que é preciso desmanchar essa ideia do livro como objeto sagrado; é sim sagrado, mas para estar nas mãos das pessoas, ser manipulado pelas crianças.
O mesmo acontece em relação à brincadeira. As crianças têm o direito de brincar e a partir do resgate de brincadeiras pode-se propor uma maior interação entre o brincar, cuidar e educar.
É importante que o educador observe do que as crianças brincam como estas brincadeiras se desenvolvem o que mais gostam de fazer, em que espaço preferem ficar, o que lhes chama mais atenção, em que momentos estão mais tranquilos ou mais agitados. Este conhecimento é fundamental para que a estruturação espaço- temporal tenha significado. (BARBOSA e HORN, 2001, p.67)
O educador é uma peça importante nas realizações de atividades e brincadeiras com as crianças, cabe a ele ser companheiro delas na caminhada de descobertas, prepará-las para explorar o mundo no qual estão inseridas, possibilitar diversas experiências envolvendo tudo ao seu redor, favorecer a ampliação de suas competências e estimular o processo de maturação em todos os aspectos. Vemos aí uma oportunidade para que haja o letramento na Educação Infantil de forma a contribuir para aquisição da autonomia e identidade da criança em interação com o outro. Segundo Coelho, (2010, p.79):
O letramento começa muito antes de a criança pegar um lápis ou conhecer as letras e as formas de escrever. A partir de suas vivências cotidianas com a família, com a sociedade ou com seus pares, os pequenos participam de tal prática de maneira intensa, através de situações diversificadas e no contato com materiais escritos em lugares diversos e de variadas formas.
Para uma criança ser letrada necessariamente não precisa estar sendo alfabetizada, a todo o momento estamos envoltos em uma sociedade em que a leitura e a escrita são constantemente utilizadas, portanto desde muito cedo ela entra em contato com esse mundo. Segundo Paulo Freire 2005 p.11, “a leitura do mundo precede a leitura da palavra”. Assim podemos englobar o letramento em ambas as situações tanto para o berçário quanto para a pré-escola.
Hall Nigel (2006, p.136), no livro “A excelência do brincar”, afirma: o brincar buscando em experiências da vida real oferece oportunidades valiosas para as crianças experimentarem e utilizarem explicitamente o letramento de muitas maneiras diferentes e válidas.
Dessa forma é preciso que os professores promovam situações de brincadeiras espontâneas em ambientes lúdicos e divertidos com materiais impressos diversificados como revistas, livros de historias, panfletos, cartazes, embalagens, gibis, jornais, etc., contextualizando-os com intencionalidade de maneira natural e lúdica, proporcionando à criança o contato e a vivência do letramento, de forma real e significativa.
No berçário e na pré-escola, o espaço a ser trabalhado deve ser significativo, proporcionar momentos de interações, em que as crianças desenvolvam as suas capacidades, mas que também explorem o espaço que lhes é oferecido, considerando as necessidades de cada criança. Segundo Agostinho (apud MARTINS FILHO, 2005, p.65):
Coletivamente temos de fazer o esforço de pensar formas genuínas de as crianças participarem, interferirem, influenciarem no espaço da instituição de educação infantil, para que possamos oportunizar lhes efetiva participação, contando com suas contribuições para enriquecermos os espaços destinados à educação da infância com imaginação, inventividade e ludicidade próprias das mesmas. A apropriação do espaço pelas crianças supõe que estas possam colocar suas marcas, alterá-lo, transformá-lo, imprimindo seus registros nas paredes, portas, janelas, tetos, chão, por toda a instituição, personalizando-a.
É preciso que o espaço da instituição seja melhor aproveitado, assim o professor deve planejar as atividades a serem trabalhadas propiciando momentos de estímulo, brincadeiras e enriquecimento às crianças. Para que estas desenvolvam as capacidades afetivas, a sensibilidade, a autoestima, o raciocínio, o pensamento e a linguagem.
A partir de estudos houve a percepção da importância do brincar junto a Educação Infantil, unido com o cuidar e educar fundando o tripé da mesma, partindo de situações de aprendizagem onde o brincar, cuidar e educar estejam envolvidos, a utilização dos espaços se dará de maneira divertida e muito prazerosa.
Segundo Mendes, 2001, p. 11, “... o brincar, para a criança, é uma forma básica de expressão, parte integrante do fazer e do viver. Por meio da brincadeira, ela estabelece suas primeiras relações com o mundo, com a realidade”. Logo o brincar se faz fundamental na Educação Infantil, sendo assim uma forma de interagir a realidade e a imaginação, levando-as ao mágico mundo do aprendizado, em que tudo é uma brincadeira muito rica.
Neste ponto observamos falhas em ambas as instituições, não há tempo para o brincar. O foco é o cuidar e em uma das instituições esse aspecto é o norteador das atividades desenvolvidas. Em ambas não há uma correlação, nas atividades que foram observadas por nós, que gerou estudos como sobre a junção da teoria e prática, cuidar e educar, espaço e tempo. Percebemos que não é menos importante o brincar, tanto para as crianças do berçário quanto para as crianças do segundo período na pré-escola.
Diante disso e preciso tratar o brincar de forma que essas brincadeiras estejam envolvidas com o desenvolvimento da identidade e autonomia da criança.
A escola é lugar privilegiado para que as crianças aprendam a construir sua identidade de gênero (como menino ou menina), ou como membro de grupos sociais variados (religiosos, étnico, raciais, etc.) e também uma autoestima positiva que integre suas experiências. Algumas atividades podem ampliar e facilitar o processo de construção das identidades infantis. (OLIVEIRA, (org.) 2012, p.173)
O educador voltado para a Educação Infantil precisa propor ações que incentive a aquisição da identidade partindo de atitudes relativamente simples não se esquecendo que cabe ao professor criar um repertorio criativo com brincadeiras e atividades significativas que venham a facilitar a construção da identidade das crianças e ao mesmo tempo incentivando a sua autonomia.
O espaço e a linguagem devem ser trabalhados em conjunto, mediante o planejamento, o educador tem o papel de ser um grande mediador do conhecimento, Rosa e Lopes (apud S. THIAGO 2000, p.60) dizem:
(...) mediador entre o conhecimento e o desconhecido, não mais um centralizador, mas aquele que, coordenando situações e atividades, ouve as múltiplas linguagens que expressam pensamentos, sentimentos, conhecimentos. Alguém que brinca junto sugere brincadeiras, dá significado as ações e experimentações das crianças. E observar, ouvir, perceber as expressões e linguagens que as crianças revelam não é tarefa fácil, não!
Assim, para esse projeto, pensamos como deve ser nossa postura de mediadoras na construção de conhecimentos diante das múltiplas linguagens que as crianças irão expressar no desenvolvimento das atividades propostas. É preciso que sejamos capazes de entender e falar várias linguagens como as crianças, sabendo interagir, intervir e trabalhar com os desafios que surgirão decorrente das atividades realizadas.
A inclusão de criança com NEE na Educação Infantil é uma prática nova. Neste contexto, podemos dizer que ela é possível, porém é um caminho repleto de desafios a se percorrer, assim sendo, eles devem ser enfrentados com conhecimento, determinação e paciência, através de formação contínua do docente, de forma que possibilite uma prática adequada que venha ao encontro das necessidades reais da criança.
Os defensores da Inclusão acreditam que em se tratando de crianças com deficiência as instituições de educação infantil são espaços privilegiados onde a convivência com adultos e outras crianças de varias origens, costumes, etnias, religiões, possibilitará o contato desde cedo com manifestações diferentes daquelas que a criança vivencia em sua família ou num ambiente segregativo, permitindo-lhe, assim as primeiras percepções da diversidade humana (ARNAIS, 2003, p.9-10).
Nesse sentido, é importante que a Educação Inclusiva de fato contribua para a aceitação e o respeito às diferenças, à diversidade e que as atividades planejadas incluam as crianças de forma que elas possam se sentir inseridas no contexto escolar e participantes ativas desse meio, capazes de realizar, mesmo com alguma limitação, o que lhes for proposto em suas aprendizagens. Dessa forma:
A escola que trabalha na perspectiva inclusiva é a que acolhe a todos sem mecanismos de seleção ou discriminação, garantindo o acesso e a permanência do educando por meio da educação de qualidade, sendo essa a função de todas as escolas. Por outro lado, inclusão não é somente sinônimo de acesso e permanência na escola. Incluir significa possibilitar as aprendizagens de todos, considerando suas trajetórias, vivências, dificuldades e avanços. Cabe ao coletivo de profissionais da escola, principalmente, os professores, estarem qualificados por meio de formações contínuas, criarem situações articuladas favoráveis à inclusão de todos e receberem orientações específicas para a prática pedagógica. (ALMEIDA, TOFOLI, OLIVEIRA, 2014, p.7)
A inclusão social começa com a atitude do professor, que deve considerar a criança como sua responsabilidade, para assim poder interagir, se comunicar com ela e conhecer a sua condição, seu histórico de vida, para lhe oferecer um espaço rico em possibilidades para o desenvolvimento de suas potencialidades, mas também depende de todo coletivo escolar, a partir das qualificações e práticas relacionadas à inclusão que priorizem o que a criança pode desenvolver durante o seu processo de construção de saberes e valores.
Acreditamos na criança como sujeito de direitos e que a educação infantil serve para dar oportunidades a ela, de ampliar o seu mundo de maneira simples, partindo de sua curiosidade, questionamento, interesses e necessidades reais, ao compartilhar situações da vida diária com ela. Assim neste processo de construção de aprendizado entre as crianças e nós, podemos compreender que é possível utilizar pequenos espaços de maneira criativa e com fundamento pedagógico interagindo tanto o tempo e o espaço, o brincar-cuidar-educar, de modo em que possamos incluir todas as crianças com suas particularidades aonde a aquisição da identidade e autonomia seja realizada de modo interativo e satisfatório para todos os envolvidos.



METODOLOGIA
Sendo o planejamento por datas comemorativas o que mais vimos nas instituições campo de estágio, realizaremos nosso projeto, buscando planejar as atividades de uma forma diferente, em que não fique tão forte a presença deles, que segundo Ostetto, (2002, p.182): “Massifica e empobrece o conhecimento, além de menosprezar a capacidade da criança de ir além daquele conhecimento fragmentado e infantilizado”.
Assim iremos trabalhar contextualizando nossas atividades, sem perder o foco do tripé da Educação Infantil “cuidar-brincar-educar”, e para alcançar os objetivos almejados lançaremos mão do letramento a partir de situações rotineiras, porém planejadas pedagogicamente, explorando os espaços internos e externos existentes nas instituições, de forma interativa e inclusiva, tornando-os mais atrativos e enriquecedores principalmente para as crianças, e também para os docentes e toda a comunidade escolar.
(...) as crianças bem pequenas necessitam de um modo muito específico de organização do trabalho pedagógico e do ambiente físico. [...] Nessa faixa etária, é fundamental considerar que as coisas importantes da vida a serem descobertas e conhecidas são a procura do olhar, o ser correspondido, o sorrir, a conversa (seja ela qualquer tipo de relação vocal), o tocar(contato motor), o contato físico, a retenção de um objeto(dar, oferecer), o imitar, o esconder, os jogos de linguagem, os jogos de manipulação, as músicas, as saídas para o espaço externo, as festas, a vida em grupo. (BARBOSA E HORN, 2008, p.72)
Portanto nas instituições “A” e “B” com as crianças menores, buscaremos trabalhar em espaços internos e externos por considerarmos que eles são provocadores de aprendizagens; o movimento e as diferentes linguagens, envolvendo a música que favorecerá a construção da linguagem expressiva e simbólica; a contação de histórias que possibilitarão uso da imaginação, criatividade, atenção, memória; o desenvolvimento da identidade e da autonomia considerando as crianças como seres com vontade própria, capazes e competentes para construir conhecimentos; a criação de vínculos através de brincadeiras em que aprenderão a respeitar o outro e aprender as regras de convivência em sociedade, imprimindo, assim, em nossa ação pedagógica a possibilidade de superação da dicotomia entre o cuidar e educar.
Segundo Barbosa e Horn, (2008, p. 80):
A segunda infância, (...), é caracterizada por ser um momento importante na formação da criança. Nesse período, elas têm aumentadas as suas motivações, seus sentimentos e seus desejos de conhecer o mundo, de aprender.
Na instituição “C”, pré-escola, com as crianças maiores desenvolveremos aulas com a utilização, também, do espaço interno e externo como um educador auxiliar aliado; envolvendo o lúdico na literatura, a partir da qual, as crianças poderão se interessar em contar suas próprias histórias e vivências, aprendendo assim a organizar o pensamento e coordenar as ideias; as múltiplas linguagens em rodas de conversas que irá favorecer o diálogo, a autoridade, a formação de grupos, a partilha e a afetividade; recreios dirigidos com brincadeiras que promovam a interação entre as turmas, incluindo em todas essas atividades as crianças com necessidades educativas especiais, desenvolvendo-as de forma aberta, diversificada e flexível. Assim a inclusão acontecerá naturalmente e será benéfica para todas as crianças e também adultos, que passarão a reconhecer e respeitar as diferenças sem discriminação e preconceito.
Essa visão de organização do trabalho pedagógico considera as crianças como co-autoras do seu processo de aprendizagem, tirando- as do lugar de passividade que a escola as têm colocado para um papel ativo e participativo. (BARBOSA E HORN, 2008, p. 84)
Podemos então dizer, que a proposta de nosso projeto, é ir ao encontro do processo de aprendizagem das crianças para oportunizar alguns elementos em prol da ampliação dos conhecimentos e das possibilidades para a formação de sujeitos ativos, participantes e engajados na sociedade da qual fazem parte.

AVALIAÇÃO
Sabemos que o conhecimento de uma criança é construído em movimentos de idas e vindas, assim o trabalho com projetos possibilita observar, acompanhar e compreender o dinamismo no desenvolvimento infantil e avaliar a criança em seu processo de aprendizagem durante todo o percurso realizado, mediante o registro diverso de todas as atividades propostas.
Os procedimentos que utilizamos para avaliar nossos alunos em sala de aula revelam nossas concepções sobre a aprendizagem, a infância e a educação, expondo, assim, os modelos teóricos que nos apoiam. (BARBOSA e HORN, 2008, p.97)
Assim, vamos propor para o projeto “Para além da sala de aula: descobrindo o que há em mim e fora de mim”, que o mesmo seja avaliado de formas diferentes dependendo da instituição campo de estágio.
  • CMEIs: ao final da execução do projeto, vamos propor que as professoras avaliem se foi proveitoso para o dia-a-dia do grupo berçário;
  • Escola: o projeto terá sua avaliação, a partir de uma roda de conversa com as crianças do segundo período;
  • Além destas formas de avaliação o grupo fará uma auto-avaliação, observando se conseguimos desenvolver nossos objetivos, se sentimos que foi proveitoso ou não, o projeto, para as crianças. Para tal utilizaremos o registro de cada encontro através de fotografias, vídeos e arquivos biográficos, que posteriormente serão utilizados para apresentação da mostra de curtas e a criação de um blog sobre o projeto.



CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estágio se constitui como um campo de conhecimento, iniciando com as teorias e depois partindo para a prática, preparando o futuro docente para um trabalho coletivo, uma vez que o ensino é uma tarefa de ações coletivas de toda comunidade escolar situada em contextos sociais, históricos e culturais.
As teorias por nós estudadas nos proporcionaram o embasamento necessário para a realização de nossas ações no estágio e muito contribuíram para o enriquecimento de nossos saberes, garantindo nosso aprimoramento no decorrer de nossa formação e competência para a nossa prática.
Tudo que vivenciamos neste semestre como as visitas nos campos de estágio, os GTs, palestras e minicursos da Semana de Integração vieram, num momento propício, ao encontro dos currículos por nós estudados para afirmar nosso aprendizado.
Durante a realização da primeira etapa de nosso estágio, percebemos nas instituições a prática docente estagnada num contexto antigo e tradicional, que não percebe o potencial que as crianças possuem para o aprendizado e formação integral como sujeitos ativos, reflexivos e atuantes em seu meio. Observamos a desvinculação do brincar, cuidar e educar. Em cada unidade foram observadas necessidades diferentes, porém também necessidades parecidas, como a melhor utilização e aproveitamento dos espaços e uma maior integração para uma prática pedagógica diferenciada.
Mediante a percepção das necessidades encontradas nas instituições de estágio, tivemos como intuito a realização deste projeto o qual pensamos que muito acrescentará de positivo na construção de saberes das crianças e no incentivo a utilização de práticas que valorizem o tripé brincar, cuidar, educar.
A metodologia de trabalho por projetos tem por base a abordagem e construção de uma questão, para respondê-la com amplas possibilidades de resolução. Assim, podemos dizer que o caminho que percorremos até o momento para a elaboração de nosso projeto não foi tarefa fácil não, pois exigiu de nós um olhar sutil, perspicaz e atento em nossas observações, um olhar capaz de enxergar os interesses e as necessidades apresentadas pelas crianças e correlacioná-los às perspectivas para a educação infantil, apresentadas pelos teóricos estudados, de forma que essas pudessem nos oferecer o embasamento necessário durante a escolha do tema e formulação da problemática para o mesmo. Encontramos algumas dificuldades nesse percurso com relação à divergência na organização das ideias e escrita, tanto do projeto como da pasta de estágio, e também em relação a como propor num mesmo projeto, uma abordagem adequada que atenda as necessidades dos dois níveis diferentes de escolaridade com os quais iremos trabalhar. Com o tempo, paciência, diálogo, leitura, orientações e estudo conseguimos superar as barreiras encontradas e dar continuidade ao processo de construção da nossa proposta.
Sabemos que teremos um grande trabalho a realizar no próximo semestre, como a elaboração e escrita dos anexos com as atividades que pretendemos colocar em prática; a concretização, o registro do desenvolvimento e a avaliação do projeto; a elaboração e apresentação da mostra de curtas sobre o estágio, a criação do blog, entre outros. Mediante essa perspectiva e considerando que somos estagiários da vida em constante aprendizado, esperamos que o projeto seja bem acolhido pelas instituições e nos possibilite o conhecimento e a reflexão das ações docentes nas mesmas, de modo a compreendê-las em seus impasses e dificuldades, para então, provocar a abertura necessária à transformação e inovação de suas práticas. Esperamos, também, uma participação ativa das crianças e com nossas ações criar um ambiente propício, facilitador do diálogo, das brincadeiras, da interação e da inclusão, que possa oferecer a elas uma multiplicidade de desafios e vivências de encantamento, dinamicidade e estímulo para que possam compreender o mundo e dele participar criando novas culturas.
Concluímos, assim, que a realização deste projeto será um momento propício para a reflexão sobre nossa formação, como esta pode influenciar a nossa prática pedagógica como futuros docentes e também aprofundar nossos conhecimentos teóricos e práticos sobre a educação, além de contribuir para a busca e realização de uma educação infantil dinâmica e de qualidade.






REFERÊNCIAS
AGOSTINHO, Katia Adair. Creche e Pré-escola é lugar de criança? In: MARTINS FILHO, Altino José. Criança pede respeito: temas em educação infantil. Porto Alegre: Mediação, 2005, p.65.
ALMEIDA, Gisella de Souza; TOFOLI, Marise Helena. Cardoso; OLIVEIRA; Valdirene Alves de. Alergia alimentar como uma das dimensões da inclusão na prática docente na educação infantil. RENEFARA, Goiânia, v. 5, abr. 2014. Disponível em: http://www.fara.edu.br/sipe/index.php/renefara/article/view/201/184>. Acesso em: 24 Junho. 2014.
ARNAIS, Magali Ap. de O. Novas Crianças na Creche: o desafio da inclusão. 2003. 141 f. Dissertação (Mestrado em Educação)- Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas – SP. 2003.
BARBIERI, Stela. Onde está a arte? No espaço? In.: BARBIERI, Stela. Interações: onde está a arte na infância? São Paulo: Blucher, 2012.
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1 *O nome das instituições são fictícios para a proteção da identidade das mesmas, assim recebendo os nomes de CMEI A, CMEI B e Escola Municipal C.

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